quarta-feira, março 30, 2011

Futebol-arte retorna em alto estilo, mas não evita derrota para Abutres

A estreia do Apertura 2011 foi marcada por uma alteração que surpreendeu aos presentes na Tropical Academia. Após a divulgação da tabela da primeira rodada pelo Diretório Acadêmico do Curso Superior de Administração Pública (DA/Csap) na última quarta-feira, algumas partidas tiveram seus horários mudados, dentre os quais os dois certames do Grupo B.

A primeira tabela previa o confronto de XI com Álcool x Black Jack às 10 horas e da Esquadrilha Abutre x XXVIduzir às 11 horas. A segunda marcava as mesmas partidas, mas em horários trocados.

A inversão de jogos quase acarreta um W.O. da equipe do XXVIduzir, que, inclusive, fora eliminada do Clausura 2010 por essa razão. No entanto, a organização do torneio, capitaneada por Lucas Sales, contornou a situação e, respaldado por representantes do Black Jack, sugeriu uma nova alteração. Como os calouros da chave somente chegariam para a partida de fundo do grupo, a ideia foi de que os ‘orange-noir’ enfrentassem a esquadra abutreana na primeira partida e os demais se encontrassem na outra partida, o que foi aquiescido por todas as agremiações presentes.

Acertado o novo horário, as equipes, duas das três mais veteranas da competição, postaram-se para mais uma épica partida. A décima vez que se encontravam em quadra em torneios da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro não alteraria a liderança de uma sobre a outra no ranking histórico. Até essa ocasião, o XI com Álcool (inclui XI de Setembro) havia vencido seis vezes e perdido outras três, marcando 54 gols e sofrendo 35.

Os veteranos da disputa foram à quadra com a mesma base que tem defendido suas cores nas últimas competições. Para a formação inicial, levaram para as quatro linhas o goleiro Renê, o fixo Reinaldo, os alas Ângelo e Gladimir e o pivô Thiago Alvim. No banco, tinham à disposição os alas Beto, única novidade, Serginho e Alexandre.

Do outro lado, os pentacampeões do Csapão também não apresentavam nada muito diferente do que vinham trazendo às partidas, com exceção da aguardada estreia do ala Thiago Cançado Diniz, o RC. O jogador, que superou as fortes cólicas renais que o afetaram durante a semana, apresentou-se para disputar o tempo que fosse possível, mas desde o início do prélio esteve no time. A base que entrou em quadra foi formada por Felipão, Adriano, Diego, RC e Carlão. Para as substituições, a equipe contou com Persa, Bruninho e Leonardo.

Com esses nomes, o duelo foi iniciado com um ritmo cadenciado, de mais toque de bola pelo XI, e mais lançamentos do goleiro Renê para seu pivô, pelos Abutres.

O estilo de mais bola no chão e troca de passes para chegar a uma opção mais clara de gols, característica de Espanha campeão do mundo em 2010 e da Argentina, de Sérgio Checho Batista, após a Copa do Mundo da África do Sul, teve lugar devido às características dos atletas que entraram em quadra, especialmente os alas Diego e RC.

O chuveirinho, imortalizada nos campeonatos ingleses das décadas de 1960, 1970 e 1980, era opção veterana dada ao ótimo posicionamento de Thiago Alvim, capaz de puxar um marcador, normalmente o fixo adversário, e, escorando nele, apoiar-se para as finalizações.

No início do certame, as primeiras chances de finalização apareceram do lado nerancieri, mas foram desviadas para escanteio por quatro oportunidades pelo arqueiro rival, todas elas rentes às traves.

Mas o domínio do XI não o impediu de sofrer da principal arma da mais tradicional equipe csapiana e, num lançamento de Renê, Thiago Alvim, da entrada da área, antecipou-se a RC e cabeceou, fuzilando Felipão. No lance, o estreante jogador orange-noir não tinha muitas opções para tentar impedir o lance, dada sua altura bem inferior a do pivô barbudo e, também, a inversão de posições dos marcadores.

O gol sofrido, no entanto, não provocou um desespero na equipe em desvantagem no marcador, mas levou-a a apostar em chutes de longa distância, mesmo da metade da quadra. E foram inúmeras as tentativas, muitas das quais sem nenhuma direção e sem comprometer ou preocupar a defesa oponente. Os tiros partiam principalmente do pivô Carlão, dono de um dos disparos mais potentes do campeonato e com capacidade de realizá-los de qualquer lugar. Após várias chances, o gigante recebeu passe na direita de seu campo de ataque e desferiu uma pancada cruzada que, antes de chegar a meta rival, desviou em um adversário e facilitou a vida do XI para chegar ao gol de empate.

Nesse momento, os orange-noir passaram a dominar o jogo e ter condições de ampliar o marcador. Além do potencial técnico, o número de reservas e a idade menos avançado do que os Abutres contribuía para que os calouros da vez imprimissem um ritmo um pouco mais forte.

A única preocupação estava com a defesa que, em alguns momentos, mostrava-se um pouco distante dos avançados do conjunto veterano. Em uma das oportunidades em que esse quadro transpareceu, três jogadores laranja e negro se embolaram para dominar ou tirar a bola da intermediária de seu campo de defesa e não conseguiram fazer nem uma coisa nem outra. Com isso, ela sobrou para o ex-companheiro deles, Ângelo Minardi, que não desperdiçou a sobra e chutou de fora da área para desempatar a partida. 2 a 1 Esquadrilha Abutre.

O segundo gol levado abalou os multicampeões que partiram ao ataque, mas descuidando-se sobremaneira do sistema defensivo. As subidas não eram acompanhadas pela postagem de um fixo à frente da área, mas com um atleta no comando de ataque e os demais distribuídos pelos lados do campo. Esse posicionamento, claramente uma ameaça para a maioria das equipes, trouxe, rapidamente, um dissabor ao XI com Álcool.

Em um chute do meio campo de Carlão, a bola estourou em um defensor abutreano na frente de sua área e voltou pouco atrás do local onde se originou o disparo. Ao tentar cortar a bola, Leonardo desviou-a sem intenção para a intermediária defensiva de sua equipe. Como não havia ninguém fechando a defesa e o arqueiro Felipão não conseguiu se adiantar para interceptar, os alvirrubros apenas tiveram o trabalho de tabelar na frente da área e arrematar para ampliar a vantagem. 3 a 1.

Os dois gols de diferença no marcador não representaram, contudo, um baque maior do que o sofrido minutos antes e apenas mostraram à equipe a importância de um melhor posicionamento para voltarem ao jogo. Cientes disso, os nerancieri começaram a girar a bola no campo de ataque, retomando o domínio da partida e tentando diminuir os erros de finalização cometidos pelos dois pivôs, Carlão e Leonardo, tanto nos períodos em que atuaram sozinhos no comando de ataque como quando o fizeram juntos.

A insistência frutificou em um lance no qual RC conduziu a número cinco pela direita, passou-a a Diego no meio e o habilidoso jogador esticou-a a Leonardo na esquerda. O camisa 14 contornou o gigante Reinaldo pelo lado esquerdo da quadra, avançou e, do lado esquerdo da área, finalizou entre as pernas do goleiro adversário para fazer o segundo de sua equipe. 3 a 2, placar que persistiu até o fim da primeira etapa.

Depois do diálogo no intervalo em que se observou o XI com Álcool estava consciente do caminho que os levaria ao empate e a uma possível vitória, o escrete retornou para tentar alcançar uma estreia exitosa depois de algum tempo.

Com a formação que já havia começado a primeira etapa, os orange-noir conseguiram um encaixe há muito não observado, com rápidas trocas de bola no ataque, envolvendo pelo menos três jogadores e jogadas plásticas e que levantaram a torcida.

O empate viria com uma tabela entre RC e Diego, que, parece, vão formar uma dupla para recuperar a história de craques ónzimoalcoolianos, como a vivida pelo hoje atecubanense Marcus Professor Eugênio e o próprio Diego. Esse último recebeu no lado esquerdo da área adversária e escorou para marcar o 3 a 3.

Nos lances seguintes, a esquadra atuou, como afirmaria, Carlão, como a seleção tricampeão do mundo em 1970. Num período de cinco minutos, lembraria RC, a bola rodou apenas nos pés desse quinteto e as tabelas foram sucessivas. O próximo desenlace dessas trocas bem sucedidas sobrou para o estreante jogador, do lado direito do ataque, dominar habilidosamente e finalizar no canto direito do gol adversário. 4 a 3.

O período mágico nerancieri prosseguiu e foi acompanhado de um dos lances mais belos nos últimos tempos de Csapão. Seguinte a mais uma troca de passes, Diego tentou dar um chapéu em um defensor à frente da área de ataque e não completou o arco. Com ela retornando novamente a seus pés, não se fez de rogado e experimentou mais uma vez. Concluído o lance, ainda finalizou e o rebote do goleiro sobrou para RC converteu seu segundo tento na manhã e ampliar a vantagem para 5 a 3. O desfavor no placar que era de dois gols se desfez e inverteu-se para um placar positivo na mesma quantidade.

As trocas de nomes na equipe não significaram nenhuma perda em posse de bola e o XI com Álcool continuou dominou e finalizando seguidamente. A hora de matar o jogo era fundamental e serviria para não dar chances ao rival de almejar quaisquer esperanças. No entanto, as finalizações terminaram sempre rentes às traves, mesmo em situações em que o passe aos companheiros de ataque poderiam ser mais eficazes.

O preço por esse preciosismo poderia ser depositado na conta do time em vantagem, embora não soubessem como isso poderia ocorrer, dada a posse de bola quase barcelonista que mantinham. A única possibilidade seria o adversário aproveitar as jogadas de bola parada e contar com descuidos da marcação ónzimoalcooliana.

Pois isso se deu nos minutos seguintes, em cobranças de escanteio. A primeira frustração resultou de um tiro esquinado do lado esquerdo de sua defesa, em que Gladimir, o craque dos cabelos grisalhos, antecipou-se a Adriano e chutou cruzado para diminuir a desvantagem.

Após esse gol, o XI com Álcool tentou não esmorecer e, pelo menos, manter o resultado. Mas, nem a qualidade técnica na saída de bola, outra das características que não se via tão bem realizada na equipe há muito tempo, foi suficiente para manter essa preponderância em campo.

Em outro escanteio, do mesmo lado da quadra, os abutreanos cobraram e a bola sobrou para Ângelo Minardi, novamente se antecipar à zaga e carimbar para as redes e empatar a partida em 5 a 5.

Faltavam, então, trinta segundos para o fim do cotejo, mas as emoções ainda não estavam esgotadas. Se, por um lado, o XI não queria levar consigo um empate com sabor de derrota, por outro, a Esquadrilha passou a acreditar que a virada não era um sonho impossível. E, nesse período, aconteceram pelo menos três ataques para cada lado.

Os pentacampeões tiveram sua melhor chance em chute cruzado de Leonardo que Renê conseguiu pegar pelo ‘rabo da bola’. Os Abutres conquistaram mais um lance de bola parada, em uma falta no lado esquerdo de seu ataque. Gladimir partiu para a cobrança contra uma barreira formada por três adversários. O chute sobrou do lado direito, ainda no ataque, mas a barreira se desfez inadequadamente e desmontou a marcação nerancieri. Com isso, Ângelo se desmarcou e disparou cruzado para fazer o 6 a 5 e fechar o caixão.

Para os próprios atletas dos multicampeões, a derrota do XI com Álcool parece ter sido justa, uma vez que não foram apontados erros da arbitragem, mas não merecida em razão do espetacular futebol apresentado durante alguns minutos. Trouxe à tona, entretanto, a discussão sobre as trocas realizadas durante o jogo e a capacidade de jogar com muitos jogadores leves ao mesmo tempo.

Durante a semana, a estratégia deverá ser rediscutida por e-mail e, se possível, em amistoso a ser realizado no novo Quartel General da equipe, as Quadras da Vilarinho. O próximo adversário dependerá da tabela a ser divulgada pelo DA CSAP nos dias vindouros até domingo que vem.

Formações:

XI com Álcool: Felipão, Adriano, Diego, RC e Carlão. Entraram: Persa, Bruninho e Leonardo.
Esquadrilha Abutre: Renê, Reinaldo, Gladimir, Ângelo e Thiago Alvim. Entraram: Alexandre, Beto e Serginho.

Gols:
XI com Álcool: Carlão, Leonardo, Diego e RC (2).
Esquadrilha Abutre: Thiago Alvim, Alexandre, Ângelo (3), Gladimir.