domingo, março 28, 2010

Mas quem disse que pode deixar pra depois?

"Não foi dessa vez, mas pode ter certeza / mal posso esperar, pra fugir da tristeza". Os versos da canção Depois, do Patu Fu, revelam um pouco do sentimento do Atecubanos TM 11 após mais uma derrota para o XoXota. Em que pese terem enfrentado os atuais campeões e líderes do Ranking Csap, o tabu de nunca haver superado os calouros vem incomodando. O retrospecto, incluindo partidas disputadas com a denominação anterior, XI com Álcool, é de 4 jogos, 4 derrotas, 14 gols pró e 27 contra.

A história do jogo pode ser contada em dois momentos e tal qual a derrota sofrida nas quartas-de-final do Clausura 2009, o primeiro tempo esteve a cargo dos veteranos e o segundo foi comandado pelo "Salmão Endiabrado".

A primeira etapa começou com a tentativa dos atecubanenses-ónzimos de repetir atuações anteriores em que foi bem sucedida a marcação meia-quadra. No entanto, nos primeiros minutos de jogo, Ângelo e Leonardo não se entendiam muito bem quanto a esse quesito e ambos acabavam começando, simultaneamente, a marcação ainda no campo de ataque. Mas ainda assim o time se acertava e, em subida do ala Diego ao ataque, os 'orange-noir' anotaram seu primeiro tento com o Matador Minardi. 1 a 0.

Mas clássico que é clássico (e vice-versa, com diria o atacante do Flamengo/PI, Mário Jardel) não permite nenhum vacilo e os bicampeões de 2006 e Clausura 2007 abriram a guarda por alguns instantes, tempo suficiente para o sempre em forma Chan assinalar o empate. 1 a 1.

Alertados desde o princípio para a característica principal dos atuais campeões de colocar a bola no chão e não se alterar independente do resultado, o time comandado pelo, hoje ausente, 'Professor' voltou a imprimir seu ritmo de jogo e partir novamente para cima. Em jogada iniciada no meio-campo, Leonardo carregou a bola, cortou para a esquerda, abriu da marcação de Chan e, de esquerda, chutou cruzado por entre as pernas de Galvão para anotar o 2 a 1.

Mas o descuido do sistema defensivo não permitiu que essa vantagem durasse muito tempo e, em indecisão de Diego e Adriano, Chan ultrapassou os dois na linha lateral e cruzou para Diogo empatar a partida. 2 a 2.

E os atletas de rosa continuaram em seu ímpeto arrebatador, ainda que o Atecubanos TM 11 conseguisse equilibrar o jogo e criar oportunidades de gol. Mas o comando de ataque era conduzido pelo multiartilheiro De Azul, que em mais uma de suas rápidas estocadas livrou-se da marcação e virou o marcador. 3 a 2.

Tempo pedido e o auxiliar-técnico e kicker, Persa, orientou o time, na parada técnica, quanto ao posicionamento equivocado utilizado até aquele momento. Atentou para a necessidade de se utilizar efetivamente a meia-quadra e diminuir o repertório de jogadas dos adversários. Com isso, também entrou em quadra o ala Lott em lugar de Leonardo para mudar um pouco a cara do jogo.

A solução tentada foi minando o XoXota, que não conseguia encaixar uma jogada e se limitava aos lançamentos do arqueiro Galvão para os pivôs do time. Pouco tempo depois, ao constatar o alcance do objetivo pretendido, retornou com o ala-pivô Leonardo. E não é que a nova troca surtiu efeito? Em rápido contra-ataque, Lott fez o pivô e escorou para seu companheiro, de frente para a área, finalizar por entre as pernas do goleiro adversário. 3 a 3.

Com a pressão prosseguindo e o moral elevado, o Atecubanos TM 11 insistiu na marcação sob pressão, o que fazia com que Galvão tivesse que sair com a bola dominada no meio campo e, numa dessas, chutou no camisa 14 do time 'orange-noir' e viu-a voltar para suas redes. Virada veterana. 4 a 3.

Mas como frisado no começo da postagem, dois tempos, duas equipes comandaram o marcador. A síndrome de Chile voltaria, portanto, a acometer os 'nerancieri'. Pelo menos contra o "Salmão Endiabrado", joga como nunca e perde como sempre.

O segundo tempo começou da forma mais catastrófica possível, se bem que os primeiros minutos ainda garantiram o placar dos primeiros 20 por algum tempo. Mas, também como sempre, o time, apesar de toda sua experiência, foi capaz de sofrer três tentos em dois minutos e jogar fora o que conquistara em um tempo. O empate do XoXota veio numa passagem pela lateral direita e, em falha de marcação do mesmo Leonardo, herói há pouco, empatou com De Azul. 4 a 4.
O quinto veio após Galvão ganhar uma dividida em sua área e carregar desde lá até disparar a gol instantes depois, contando com a ajuda dos adversários que foram abrindo para ele finalizar. 5 a 4.

O sexto veio em nova desatenção do camisa 14, ao perder dividida no mesmo lugar em que havia sido superado momentos antes. Guidjer aproveitou e ampliou a vantagem. 6 a 4.

Nova parada e mais instruções para ver se ainda dava tempo de colocar o trem nos trilhos. Persa e seu estoque tático veio acompanhado de novas mexidas.

Se foi por isso, talvez não se possa afirmar, mas que Adriano fez um golaço pouco depois, não há dúvida. O fixo matou no peito e fuzilou de peito de pé, da entrada da área de ataque, em um lance indefensável. 6 a 5 para alimentar as esperanças. E como diz um verso de Rebelião, do Skank, a esperança é mato no coração.

Mas o desmatamento também não demorou muito e após boa saída do arqueiro Felipão, um monstro de volta à Tropical, Steavy tocou para De Azul dar números finais. 7 a 5.

No cômputo final, nenhum ponto somado, mas o futebol apresentado também não foi uma negação. Os ajustes estão sendo preparados, os treinos, finalmente, depois de seis anos de pedidos por eles, também serão retomados. E não haverá pedra sobre pedra que resista ao Atecubanos TM 11. Ainda mais agora que a contratação de Lott mostrou-se extremamente útil e a outra, Ramsés, estreará daqui a duas semanas, e tem tudo para ser um sucesso. E que venham os Deztemidos, ao meio-dia do dia 11 de abril.

Ficha-técnica:

Atecubanos TM 11: Felipão, Adriano, Diego, Leonardo e Ângelo. Entraram: Mário, Lott, Samir e Persa.
XoXota: Galvão, Chan, Steavy, Diogo e De Azul. Entraram: Lucas, Diego e Guidjer.

Gols: 

Atecubanos TM 11: Ângelo, Leonardo (3) e Adriano.
XoXota: Chan, Diogo, De Azul (3), Guidjer (2).