quarta-feira, janeiro 16, 2008

As origens do XI com Álcool


Uma das perguntas mais feitas nos últimos tempos acaba de ser respondida por nosso cronista Gustavo 'Persa' Persichini, um dos mitos do CSAP e presente em quase todos os certames esportivos da história da Escola de Governo.

No texto que segue abaixo, Persa vislumbra como será o futuro de nossos nobres atletas após anos de serviço público e suas mudanças na conformação organizacional mineira. A construção desse cenário seria uma clara demonstração de que ainda verão e ouvirão muito a respeito da maior lenda em atividade do futsal csapiano. Estaríamos realmente disputando partidas daqui a vinte anos sem perder a disposição que apresentamos hoje? A resposta fica para as mentes de vocês refletirem e imaginarem seus, nossos futuros.

"Onze com Álcool, uma mistura que dá dor de cabeça...

Mas afinal de contas, onde foi que começou tudo isso ?

Era o ano de 2028 e alguns ex-atletas da Efejotapê passeavam pelos arredores da zona boêmia de Belo Horizonte. Tomados pelo ostracismo, andavam pelas ruas estreitas, próximas às Avenidas Santos Dumont e Paraná em busca de diversão barata e passageira. Sempre que arranjavam companhia, tocavam no mesmo assunto com suas damas-da-noite. Entre uns afagos e outros, sempre surgia a história de um famoso campeonato de futebol disputado entre "as cabeças pensantes do governo de minas". A época era de um tempo em que o corpo ainda resistia arduamente às tentações da carne, do peixe e do frango. Ainda havia uma considerável quantidade de cabelos na cabeça e a barriga ainda não havia tomado conta do "de cujus" que jazia entre as pernas. Mas era também um tempo de conquistas, em que se alternavam no poder duas equipes de futebol compostas por jogadores de muito talento e garra: Onze de Setembro e Pró-Álcool. Intrigadas com tal história, as senhoritas passaram a comentar entre si o espírito vivo que ainda habitava os corações daqueles veteranos guerreiros.

Entre um copo e outro, sempre vinham à tona histórias sobre a luta constante travada entre os “carpinteiros do estado”, assim tratados aqueles que seriam os responsáveis pela reforma de tudo que se tinha notícia em Minas Gerais. A primeira reforma foi realizada em relação ao tamanho do estado: uns pregavam o estado mínimo, outros, o estado líquido, sólido e gasoso; já outros tantos, em especial os oriundos dos lados de Governador Valadares, pregavam os estados unidos.

O certo é que prevaleceu a idéia de estado mínimo. Um decreto governamental alforriou de um só golpe a população de Guarapari e de Cabo Frio, diminuindo as fronteiras do estado ao leste. Uma resolução pôs fim à província de Teófilo Otoni, devolvendo os “baianos cansados” ao seu território de origem e um ofício circular entregou Juiz de Fora de uma vez por todas ao Comando Vermelho.

Diante de tantas reformas a serem feitas para por fim a tamanho peso excessivo, que vilipendiava os recursos do cidadão e da Tradicional Família Mineira, o grupo de Gratificados e efetivados servidores da máquina pública sempre buscava uma válvula de escape para os problemas governamentais nos braços das mais belas damas da socieade underground mineira.

De corações impassíveis, mas com o dom da compreensão de problemas alheios, acostumadas a tantas desilusões por parte de seus amantes clientes, aquelas donas sabiam como resolver a maioria dos problemas que lhes eram apresentados, sendo possuidoras de verdadeiros portifólios de soluções aos mais complexos problemas.
Apreensivas para por fim a mais uma das mazelas de minas, as senhoritas ouviam atentamente as lamúrias de alguns dos mais renomados stakholders da administração estadual. Entretanto dessa vez parecia diferente. As reclamações não eram decorrentes de acordos de resultados, tramados entre o patrão e os seus principais seguidores; nem mesmo decorrentes de lamentos da sociedade, alijada de seus principais recursos em virtude do Choque que havia recebido.

Dessa vez era diferente.

O problema vinha de fora. De uma forma tão danosa e mesquinha que não havia como resistir ao assédio que assolava a um dos projetos mais estruturadores da administração pública. O ataque dessa vez era ao mais secreto recanto da tradição em minas; à reunião mais proveitosa de toda a estratégia de governo; ao último recinto da discussão proveitosa da política pública nos confins mineiros: ao campeonato do CSAP.

Uma estratégia tão torpe advinda de interesses políticos tão expúrios que levou anos para ser percebida pela cúpula governamental. Diante de tanto assédio, o Companheiro- marechal da província de Brasília conseguiu dizimar, oferecendo propinas camufladas com o nome de DAS, aos mais renomados integrantes das trincheiras esratégicas da administração estadual.
Dispostos a por fim a tamanha deserção por parte de alguns capitães da mudança dos rumos da política estadual, um grupo remanescente de duas facções avançadas de políticas públicas em minas iniciaram as discussões sobre o projeto estruturador número 51. Avaliaram as áreas de resultados envolvidas e decidiram abordar as Onze áreas existentes, tornando-se este, o maior dos projetos até então empreendido, superando ao Choque inicial proposto, que determinara a origem de tudo.

Um dos objetivos estratégicos traçados pelo grupo queria retomar as diretrizes do programa de fomento à produção de cana para exportação, remontando aos latifúndios que deram origem ao país do carnaval. Sob o slogan de “cana na roça dá cachaça, mas cachaça na cidade dá cana”, retomaram uma antiga política pública de substituição da queima de carbono e redução do efeito estufa denominada “Pró-Álcool”, iniciada na década de 70 para evitar a escassez de combustíveis fósseis e diminuir a dependência à OPEP de Hugo Chavez.
Onze áreas, cujo carro-chefe- de-gabinete era o “Pró-Álcool”. Não deu outra: o projeto precisava ser implementado imediatamente!

Inspirados pela idéia fixa de garantir a volta dos bons tempos ao campeonato mais famoso de minas, os carpinteiros do estado deram os seus primeiros passos. Reuniram os nomes mais afamados da administração pública brasileira, quiçá, mundial, traçaram um planejamento estratégico e iniciaram mais um dia de trabalho.

Diante das damas mais lindas da sub-noite mineira, ingressaram no recinto, primeiro Marcus, o professor, tão pontual quanto nos velhos tempos; depois Adriano, trazendo consigo Diego e Léo, de carona, para variar; logo depois Felipe, seguido de Bruno. Logo em seguida, Carlão, Guilherme e Edson que pareciam que tinham vindo no mesmo vôo. Já havia quorum suficiente para as deliberações, mas parecia que não poderiam começar. Ainda não. Faltava ainda uma presença muito importante, aquela que dava sentido a tudo que eles acreditavam. Ainda não poderiam começar, pois a peça mais importante daquele cenário estava ausente. Foi quando Persa, o bom e velho Persa, o timoneiro daquele barco ingressou na porta lateral do habitáculo daquela casa-da-luz- vermelha trazendo consigo a “danada”, a abençoada, a derradeira, com o rótulo estampado na cara em letras garrafais, com o verdadeiro número da vitória, o próprio, ele, 51. Agora tudo estava completo. Ela estava lá, a caninha-da-boa, aquela que é de pirassununga para o mundo, a caninha 51.

Com todos presentes, fizeram um brinde àquele que seria definitivamente o último de suas vidas futebolísticas pelo CSAP, quisessem eles ou não. Os Masp’s já estavam sendo revogados por Resolução, mas eles insistiam em ficar, insistiam em jogar, mais uma vez, só mais uma vez.

Com os copos-lagoinha empunhados e erguidos, preenchidos com o líquido que esquentava os corações já abalados pelo tempo, bradaram com toda a força que os pulmões tomados pela cirrose lhes permitiam: “sete mais quatro; cinco mais seis; cinqüenta e um: Onze com Álcool!”.

E foi assim. Onze garotos, agora tomados pelas idades, as calvícies e as barrigas que não voltam atrás, resolveram implementar o projeto estruturador mais ousado de suas vidas: rememorar o time mais vencedor da história do CSAP.
  1. Felipão
  2. Adriano
  3. Felipe
  4. Edson
  5. Marcus
  6. Diego
  7. Guilherme
  8. Bruno
  9. Léo
  10. Carlão
  11. Persa
Onze pessoas; muito Álcool. Muita garra, muita luta, muito futebol, muitos títulos. Ninguém superou.

Nunca serão!

Onze com Álcool."