domingo, abril 25, 2010

Robin Hood e a dança com MaXIXe

O título desta postagem permite, ao caro leitor, deduzir o desenrolar do enredo. Ganhar dos ricos e devolver aos pobres. Muitos exemplos recentes poderiam ser lembrados, como o assaltante que roubou R$ 26 mil do cofre de uma família 'amiga' para quem havia trocado o segredo, ou a sempre querida Lusa, que não perdeu nenhum clássico no Paulistão 2009, mas que, quase mais precisou de vencer, acabou sendo derrotada pelo Ituano e salvando o rubro-negro de Juninho Paulista do rebaixamento na última rodada.

O Atecubanos TM 11 se inspirou nas histórias acima e escreveu seu nome no Csapão Apertura 2010 como o famoso personagem das histórias dos noruegueses Irmãos Grimm. E mais uma vez ressuscitou um time que já não aspirava muita coisa na competição em razão das três derrotas sofridas nas três rodadas iniciais.

Alguns sinais indicavam desde a sexta-feira que a peleja não seria tão fácil como se poderia supor, ainda que os seis pontos de diferença entre ambos pudesse demonstrar o contrário. A Chamada Geral não confirmou as presenças de Mário, Diego e Carlão e, no meio de semana, a ausência de Lott já havia sido dado como certo. O reforço rompera o ligamento cruzado posterior de um dos joelhos e ficará afastado por dois meses.

Momentos antes da partida, Pedro Mou, que durante a semana afirmara que iria disputar posição com Samir, também informou que não estaria presente. O elenco, então, estava super reduzido, porque, além de todos esses desfalques, não contava com Persa, suspenso no jogo anterior pelo segundo cartão amarelo.

E assim foram para o jogo, com a premissa da marcação meia-quadra e, surpreendentemente, com Samir Moysés no comando de ataque. Como é de conhecimento público, nosso bufão atleta ostenta, atualmente, marca  próxima ou mesmo superior às de Ronaldo e Adriano, os protagonista do duelo da próxima quarta-feira pela Copa Libertadores da América. Seu peso oficial não foi divulgado, mas acredita-se que esteja em torno de 110 quilos.

Além dele, formaram o time que entrou, desde o início, Felipão, Adriano, Ramsés e Leonardo. Aguardou, como arma para as trocas com Samir, o Matador Minardi.

E os minutos iniciais não foram muito bons de se ver. Ambas as equipes não conseguiam executar ataques bem articulados e com real perigo aos arqueiros adversários. Da mesma forma, os pivôs não conseguiam segurar a bola em seu campo de frente para a chegada dos alas.

Como o Atecubanos TM 11 não tinha muito como mudar os atletas para mudar esse estilo de jogo que não estava dando certo, no máximo, poderia realizar a única substituição possível. Ângelo e Samir. E nessas inversões iniciais, a construção da primeira jogada de perigo atecubanense-ónzima começou na esquerda do ataque, atravessou o pivô e parou do outro lado, nos pés de Leonardo. O ala direito cortou para fora, adiantou a pelota e chutou cruzado, no meio do gol, na saída do arqueiro João Gabriel. 6° gol dele na competição. Alívio imediato. 1 a 0.

O MaXIXe, na sua característica mais latente, o toque de bola, saiu para o jogo. E, após o tento sofrido, esse passou a ser seu estratagema para furar o bloqueio adversário. Aproveitar, também, a dispersão apresentada pelos 'orange-noir', que, ainda que em vantagem, estavam irreconhecíveis. Tão fora do que se costuma esperar deles que, em jogada individual, um jogador maxixense partiu do meio-campo, avançou, ludibriou a marcação de Ramsés e Ângelo e chutou no canto esquerdo de Felipão para empatar. 1 a 1.

Não era o mesmo time que, uma semana antes, vencera o renhido cotejo contra os Impróprios. No nome até poderia ser, mas no espírito estavam longe. As chances criadas não conseguiam ser aproveitadas como o seriam em outras oportunidades. E será que pelo menos nas faltas obteriam êxito? Nesse quesito é que iriam pairar as certezas de insucesso. Afinal, o 'kicker' Persa não estava em quadra. Ele que, junto à Otávio (Deztemidos) e Melo (IPM), são considerados os maiores cobrados do Csap.

Surgiu a chance para os veteranos e parecia que Ramsés iria bater. Mas, Samir pediu a bola para si, como ele poderia lembrar de seu ídolo Zico, de Rodrigo Mendes, na final do Carioca de 1999, ou do camisa 43, do seu Mengo, Petkovic. Persa, depois do jogo, diria: "Falei para ele bater no canto do goleiro". O intrépido jogador não teve dúvidas. Soltou o pé onde fora aconselhado e eis que ela carimbou o poste direito de J. Gabriel. Azar? Não. Na sequência, a número cinco voltou no calcanhar do defensor alviverde e encontrou as redes. 1° gol do vilavelhense na competição. 2 a 1.

Na frente no placar, a equipe não mudou seu comportamento em quadra. Em outras situações, poder-se-ia dizer que isso é um mérito. No caso, esse seria um rápido caminho para o precipício futebolístico. A torcida presente, que incluía o pai do jovem Leonardo e Hugo de Abreu, goleiro da equipe, à passeio na Tropical nessa 4ª rodada, não estava vendo com bons olhos a atuação daquela manhã.

Daí viria a síndrome de Chile, pré-Loco Bielsa, e as orientações de costume e as dores-de-cabeça de sempre.

Para deixar os torcedores mais frustrados ainda não custou muito tempo. Mal começara a segunda metade,  nova investida maxixense e empate em 2 a 2. Completo desconcerto dos 'orange-noir' e o inexplicável desempenho era atribuído a todo o time. Adriano não conseguia retirar o perigo da frente da área, Ângelo não completava com precisão seus passes e Leonardo reclamava como o atacante são-paulino Washington e desestabiliza o time emocionalmente.

O tempo técnico pedido para corrigir as falhas poderia servir para evitar uma virada instantânea. Mas não obteviram seu intento. As tabelas realizadas à frente da área, como o extinto Galáticos, funcionavam muito bem e, numa dessas, Samuel encobriu Felipão e virou. 2 a 3.

Atrás no marcador, restava ao Atecubanos TM 11 fechar-se na defesa e sair nos contra-ataques. E haja fôlego para resistir à pressão alviverde. Mas há também forças que são buscadas sabe-se lá de onde. Leonardo roubou bola em sua própria área, adiantou um pouco e soltou a pelota no campo de ataque. Samir, presente na porção direita e um passo adiante do fixo adversário, dominou e chutou no canto esquerdo de J. Gabriel, em sua saída. 3 a 3.

Mas não deu tempo para muita coisa. Numa das inversões de posição, o mesmo Leonardo avançou e Samir recuou para tentar acompanhar Xicão. Não deu. Com pouco espaço e pouco à frente da área, o pivô do MaXIXe acertou chute no ângulo esquerdo superior de Felipão e jogou um balde de água fria. 4 a 3.

Ficaria pior pouco tempo depois. As tradicionais jogadas pelas laterais continuaram sendo utilizadas pelos calouros, time ainda puro-sangue (conta apenas com atletas do XIX Csap). Numa das estocadas seguintes, em subida pela esquerda, Skal cruzou e, depois de infrutíferas tentativas de afastar a Leonel da área, Xicão ficou com a sobra e ampliou a vantagem. 5 a 3.

Difícil para os 'orange-noir', não havia outra alternativa do que subir para o ataque e, assim, inverteram o posicionamento. Ângelo voltou para compor a ala e Leonardo retornou para sua posição de origem, o pivô. Não foi por isso, mas os bicampeões melhoraram seu volume de jogo. Ramsés, o melhor do time na partida, desceu pela direita, jogada que deve ser repetida com mais frequência nas próximas partidas, e, superando a marcação, cravou um chute sem defesa para o guarda-metas com ascendência oriental. 5 a 4.

Novo tempo técnico e mais diálogo para tentar alcançar o empate. O Atecubanos TM 11 reforçou a necessidade de manter o posicionamento adotado nos minutos recentes à parada. Voltaram para os minutos derradeiros, dois apenas, porém não foram eficazes. Leonardo, em duas jogadas individuais, quase chegou, mas perdeu a bola e a chance de alcançar mais um ponto para o time. Sobrou apenas um chute para o MaXIXe antes do fim do jogo e Xicão acertou o ângulo superior esquerdo de Felipão para confirmar os três pontos. 6 a 4.

Atuação sofrível dos 'orange-noir' que, para Persa, deveria ser esquecida. Talvez seja melhor lembrar dela para não ser vítima do mesmo mal na próxima semana, às 12 horas, contra os Abutres. O segundo lugar do grupo é chance concreta, mas a necessidade de se apresentar de forma distinta também o é. Caso contrário, quem conduzirá a dança será o oponente, como o MaXIXe. Melhor seria atuar ao ritmo do Cálix, nem que seja ao som da 'Dança com Devas'.

Ficha técnica:
Atecubanos TM 11: Felipão, Adriano, Ramsés, Leonardo e Samir. Entrou: Ângelo.
MaXIXe: João Gabriel, Bola, Samuel, Skal e Chicão. Entrou: Rafa Marques e Vítor.

Gols:
Atecubanos TM 11: Leonardo, Samir (2) e Ramsés.
MaXIXe: X, Samuel (2), Xicão (3)

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