quinta-feira, outubro 02, 2008

Vitória na Batalha da Sagrada Família consagra novo líder do Grupo A

Recentemente, o termo batalha ficou associado à imagem do confronto entre Grêmio e Náutico pela última rodada do quadrangular final da Série B de 2005. A 'Batalha dos Aflitos' marcada pela incrível superação do Grêmio de Football Portoalegrense, com quatro jogadores expulsos e um pênalti contra, além do gol sobrenatural convertido pelo então meia Ânderson (hoje volante no Manchester United) estarão presentes nas retinas de todos aqueles que, no estádio do clube pernambucano ou diante da televisão, acompanharam a partida em uma tarde de sábado, ou, naquela tarde de sábado. O mesmo substantivo 'superação' pode ser empregado para se referir ao que aconteceu no domingo, 28 de setembro de 2008, na Rua Coronel Praes, número 20. Desculpas de antemão são pedidas àqueles que não concordarem com o título destas mal traçadas linhas, como definiria o excepcional jornalista Juca Kfouri, mas a combinação da Batalha com a Sagrada Família deu-se de forma natural, ao menos na chamada para a matéria.

Nas últimas partidas disputadas pelo XI com Álcool não se viu tamanho esforço de seus integrantes por reverter placares adversos, que foram acontecendo por erros próprios, erros do árbitro, mas também por méritos incontestáveis dos Deztemidos. Não se poderia esperar outra coisa senão nervos à flor da pele no encontro de equipes e atletas que se cruzam pelas quadras csapianas desde 2002, considerando-se aqui os embates sob as denominações O'River, Os ∏Ó, XI de Setembro, ProÁlcool, Deztemidos e XI com Álcool. Veteranos? Não, a verdade é que o fato de terem se graduado não retira deles a competência futebolística e, muito menos, torna-os velhos para a práticas do 'rude esporte bretão' salonista.

Na primeira etapa, os orange-noir estiveram em desvantagem por duas vezes, em razão de duas finalizações desferidos antes da meia cancha e aceitas passivelmente por sua defesa. A primeira desviou no ala Diego Vettori e impossibilitou Felipe José, o Felipão, de esboçar qualquer reação. Para compensar a falha, mesmo que não intencional, o anti-herói do gol sofrido começou a desfilar seu talento ofensivo e, em chute cruzado, empatou a partida. A vantagem dos azuis voltou a aparecer pouco tempo depois, quando o pivô Rafael, que atuou como ala no certame, finalizou bem, embora sem muita força, e não sofreu nenhum obstáculo para carimbar a meta onzealcoolica pela segunda vez. Mas, mais uma vez, o atual vencedor do Clausura buscou a igualdade e alcançou-a poucos minutos depois.


O 2 a 2, no intervalo, trouxe uma certa tranquilidade para o esquadrão multicampeão, não pela facilidade do prélio que não existiu em momento algum, mas pela segurança de que não houve apavoramento como na segunda rodada em que perdeu-se o equilíbrio após o início desastroso contra o 171.


O retorno poderia demonstrar que o equilíbrio alcançado pelo XI com Álcool na primeira metade proporcionaria um futebol sem sobressaltos e com mais atenção para voltar mais determinados contra uma equipe que começava a sentir o desgaste físico pela presença de um único reserva. Mas não foi dessa forma que as coisas vieram à baila. Em cobrança de escanteio pela esquerda de seu ataque, os Deztemidos marcaram o terceiro tento dos pés do ala Diniz. Pelo menos nesse momento, parece que os orange-noir receberam um choque de média voltagem e se ligaram mais. Em belo passe lateral, o fixo Adriano encontrou o pivô Leonardo sem marcação no campo de ataque e o camisa 14 desferiu, como reza os mandamentos salonistas, um bico de esquerda que ainda acertou a parte interior da trave antes de entrar. E em seguida, Diego Vettori desempatou, pela primeira vez em favor do XI, em outro disparo cruzado pela esquerda. Nesse instante, o controle do cotejo tinha duas cores claramente definidas. Acontece, que as emoções estavam reservadas para o incansável espectador. Em nova cobrança de escanteio, desta vez pela direita, os Deztemidos, numa falha inacreditável no posicionamento adversário, empataram em 4 a 4. E retomaram a vantagem após um ataque, a princípio desprentensioso, em que Luiz Rauen era bem marcado por Adriano, mas o nome do dia, Vettori, deixou uma avenida de distância para Bolinha aproximar-se e, em forte chute cruzado, colocar o quinto gol no placar. E o XI com Álcool correu como nunca e não tardou a novamente empatar com Adriano Otávio (3 gols na competição), aproveitando cruzamento pela direita e carrinhando para o fundo das redes de Luiz Otávio. Inacreditável, no entanto, foi o 6 a 5 Deztemidos, fruto da saída de bola dos X Csapianos, na abertura propiciada pela barreira oponente, no que significaria uma queda, um desânimo daqueles que foram buscar o placar adverso por três vezes.


Mas a superação citada no início deste relato concretizou-se justamente nesse fim de partida, quando Ângelo Minardi acertou um balaço para empatar e Gustavo 'Persa' Persichini reviveu seus momentos de glória no futebol do CSAP, e não são poucos os passados nessas quadras, haja vista que conviveu com lendas como o Xuxu Mecânicos e o Ahéticos, em cobrança sublime de falta e enterrou as pretensões rivais. Depois disso, foi necessária ainda muita paciência e força de vontade para suportar os erros reiterados da arbitragem, muito criticada durante a semana por inúmeros atletas do CSAP, não somente neste jogo como em outras atuações do chamado Marquinhos, após marcações de pênalti e tiro livro dos doze metros defendidos por Felipão em cobranças de Otávio. 7 a 6 e liderança assegurada no Grupo A.


O XI com Álcool alcança, pela primeira vez, desde a segunda rodada do Apertura 2008, a liderança de uma chave do torneio e surpreende a si própria, porém, especialmente, quem considerava que era possível amarrar cachorro com linguiça (Luiz Felipe Scolari, 2001).


Ficha técnica:


XI com Álcool: Felipão, Adriano, Ângelo, Diego e Leonardo. Entraram: Édson, Persa, Mário e Carlão.


Deztemidos: Luiz Otávio, Bolinha, Diniz, Rafael e Luiz Rauen. Entrou: Otávio.