domingo, abril 18, 2010

Duelo de gente grande

A definição foi muitas vezes repetida no entorno da quadra número 2 da Tropical Academia. A disputa, realizada ao meio-dia, apresentou dois postulantes ao segundo lugar do Grupo A, os Impróprios para Menores (IPM), 2º colocados antes de iniciar a rodada, e o Atecubanos TM 11, em 3º lugar.

Mas o encontro valia mais do que os três pontos, o clássico trazia sentimentos diferentes para as duas agremiações. Os Impróprios ainda se ressentiam da derrota sofrida no Clausura 2009 por 3 a 1, quando os 'orange-noir' utilizaram a marcação meia-quadra pela primeira vez com sucesso.

Pelo lado veterano, estavam diante da oportunidade de igualar o retrospecto de vitórias no histórico iniciado em 2006. Até o início da partida, eram 2 vitórias suas contra 3 de seus calouros, de acordo com a relação abaixo:

Csapão 2006: XI com Álcool 3 x 4 IPM
Csapão 2006: XI com Álcool 4 x 1 IPM
Apertura 2008: XI com Álcool 5 x 7 IPM
Clausura 2008: XI com Álcool 2 x 3 IPM
Clausura 2009: Atecubanos TM 11 3 x 1 IPM

O equilíbrio se dava até nos números de gols, com a anotação de 17 tentos para os atecubanenses-ónzimos e 16 para os Impróprios.

Para buscar os objetivos acima citados, as duas equipes vieram com quase todos seus principais jogadores. O Atecubanos TM 11, embora contasse com os nomes que costumam começar as partidas, não pode ver em quadra Marão, ressentindo-se dos efeitos colaterais da vacina contra a H1N1, e Ramsés, em São Paulo.

Assim, ambos entraram em quadra com o espírito aguçado por vitória a qualquer custo. O dinamismo foi a tônica dos primeiros minutos, em que os escretes se revezavam com grande frequência nas descidas ao ataque. Os 'orange-noir' lançavam mão de seu pivô Ângelo para escorar os lançamentos de Felipão visando à chegada de um dos alas.

A marcação meia-quadra era firme e, na frente, só mesmo o pivô. Os alas aguardaram, como era de se esperar a subida dos adversários para começar a 'morder'. Mas, num desses avanços, os veteranos se perderam na marcação. Em jogada construída pelo lado direito do ataque, três jogadores foram para a marcação e um adversário sobrou livre na entrada da área pelo lado direito. Ele teve apenas o trabalho de finalizar cruzado e impedir qualquer reação do guarda-metas 'nerancieri'. 1 a 0 IPM.

Mas não há como se recordar de outra imagem que não a do meio-campista Didi na final da Copa de 1958. Após o Brasil sofrer o primeiro gol, o jogador buscou a bola calmamente no fundo das redes de sua equipe e, sem afobação, levou-a até o círculo central. Assim, também o fez Adriano 'Agrião' Otávio, o que levou a diminuir ou evitar uma ânsia descontrolada.

Nos instantes seguintes, notou-se uma melhora na equipe em desvantagem no placar e um melhor posicionamento. As substituições eram menos constantes do que na rodada anterior, mas eram precisas. Ângelo e Carlão se revezavam no pivô, Diego, Leonardo e Lott nas alas e Adriano e Persa de fixos.

O nível era praticamente o mesmo independentemente dos nomes em quadra. Mas a jogada do gol do empate aconteceu com dois dos atletas que haviam começado a partida, saído e retornado à quadra. Ângelo fez o pivô perfeitamente e Leonardo chegando de trás, na frente da área, chutou cruzado no canto esquerdo de Michel e empatou. 1 a 1.

Depois disso, a temperatura começou a esquentar bastante e não foram poucos os cartões amarelos distribuídos para ambos os lados. Pela formação 'orange-noir', foram advertidos Ângelo (suspenso para a próxima partida)e Leonardo. A Matilha Prateada também teve um atleta amarelado na primeira etapa.

Mas se se trata de rispidez sem violência, o assunto é com Carlão. Em um rebote na área defensiva do Atecubanos TM 11, Leonardo dominou e passou para o pivô na meia-cancha. Carlão dividiu com o primeiro, que desabou no chão, passou pelo segundo com o mesmo vigor e, na entrada da área, escolheu o canto e chutou no lado direito das redes de Michel. Virada veterana. 2 a 1.


O placar manteve-se assim até o intervalo e, após o reforço das recomendações da preleção, as duas agremiações voltaram para o prélio. Claro, houve quem quisesse convencer o árbitro de que sofrera faltas não marcadas ou que ele havia sido duro demais nas advertências, mas Stefano manteve-se tranquilo com os proseadores.


Para a segunda etapa, os 'orange-noir' voltaram como terminaram os vinte minutos iniciais, com Felipão, Adriano, Lott, Diego e Ângelo. O jogo fluía bem para os bicampeões, mas, em alguns momentos, eram nítidos os descuidos defensivos, especialmente, nos contra-ataques adversários. O recurso à falta não era raro. Sempre presentes para cobrar violentamente estavam Melo e Djanis. E Melo finalizou eximiamente da intermediária de seu campo de ataque, após Felipão montar a barreira e, mesmo assim, a bola passar pelo lado de fora e vencê-lo.

O arqueiro 'nerancieri', apesar de não ter sido feliz no lance, tem realizado partidas impressionantes e feito defesas milagrosas. E antes e depois do gol de empate do IPM, não foram raras as oportunidades em que ele fechou tudo.

Mas a tarde era laranja e negra e o duelo de gigantes proporcionaria ainda mais emoções. E elas tinham o sobrenome Figueiró. Com dores dedão do pé esquerdo, operado em 2004, Carlão esqueceu-se dele momentaneamente e do meio-campo desferiu portentoso chute no canto direito de Michel. 3 a 2.

As equipes se sucediam nas faltas e, Persa, por retardar o reinício do jogo recebeu amarelo, que também o suspende da próxima rodada. Mas como o critério era igual para as duas equipes, Toninho, do IPM, ao matar contra-ataque na sua intermediária, também recebeu cartão.

Tenso, nos minutos finais, as saídas rápidas eram comandadas agora pelo Atecubanos TM 11. As chances, no entanto, não representaram ampliação do marcador. Mas o apito final garantia o 3 a 2, suficientes para conquistar os três pontos e dar um passo enorme rumo à classificação. Alcançaram duas vitórias consecutivas, feito ao qual não chegavam desde a última rodada da primeira fase do Clausura 2009.

Os veteranos mostraram que mesmo com alguns de seus jogadores em tarde menos brilhante do que na semana anterior o futebol apresentado os credencia a brigar pelo título sem sobressaltos. Preocupação apenas com Lott, que sente dores e pequenos estalos no joelho direito e tentará se recuperar para o próximo domingo.

Samir, o Moysés, mostrou todo seu espírito bufão, característica principal da porção atecubanense. Sem entrar em quadra, haja vista forma física um pouco mais debilitada do que a do ídolo Ronaldo, deu trabalho aos seus adversários. Toninho, em cobrança de lateral, teve de chamar a atenção do árbitro devido a marcação feita pelo descendente de libaneses sem deixar espaço para a cobrança. E olhe que ele estava fora da quadra.
E, em mais uma atitude burlesca e saudável com os adversários derrotados, Samir bancou um Skol para eles, talvez ratificando o que o próprio Blog dos Impróprios noticiara dias antes (Beber cerveja e jogar bola aumentam chances de sucesso na carreira). Isso, claro, após a longa conversa tida pela Matilha Prateada com o intuito de corrigir as falhas ocorridas no cotejo do dia.

Ficha técnica:

Atecubanos TM 11: Felipão, Adriano, Diego, Leonardo e Ângelo. Entraram: Persa, Lott e Carlão. Não entrou: Samir.
IPM: Michel, Djanis, Melo, Duba e Pilha. Entraram: Toninho, Daniel Piva e Fred.

Gols:

Atecubanos TM 11: Leonardo e Carlão (2).
IPM: Djanis e Melo.