sexta-feira, setembro 25, 2009

A história agradece suas existências

"Não morre nunca quem peleia sempre". A frase, presente no vocabulário de dez em cada dez gaúchos, pode ser ouvida por muitos torcedores no playoff das quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1998. De um lado, o Sport Club Corinthians Paulista, clube que se sagraria bicampeão algumas semanas depois, do outro, o Grêmio de Football Portoalegrense, com sua tradição de time copeiro, bom nas disputas mata-mata. O autor talvez não seja muito lembrado hoje. O atacante Clóvis Bento da Cruz, ou simplesmente Clóvis, demonstrou sua fé após a derrota por 1 a 0 no primeiro de três jogos contra o alvinegro paulista. Coincidência ou não, no jogo seguinte o tricolor gaúcho venceu no Pacaembu por 2 a 0, com gols de Itaqui e dele, Clóvis, e levou a disputa para o terceiro e decisivo duelo. Na derradeira partida, deu Timão por novo 1 a 0 e os comandados de Vanderlei Luxemburgo levaram a vaga para a semi-final contra o Santos.

O exemplo do paranaense de General Carneiro é representado no Csap, especialmente, por duas agremiações, ao mesmo tempo, amadas e odiadas por muitos participantes. E elas vão se encontrar, no próximo domingo, pela terceira rodada do Clausura 2009. Ambas têm troféus para encher as prateleiras de suas estantes e colecionam histórias que as permitem passar horas e horas prendendo a atenção de seus integrantes, como também dos mais jovens personagens dos campeonatos.

A Esquadrilha Abutres, ou Abutres, e o Atecubanos XI são responsáveis pela manutenção de lendas que serão lembradas para sempre nas mentes daqueles que ouviram e/ou os viram jogar. As equipes são a personificação do espírito de esportividade e competitividade defendidos por seculares indivíduos como Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. A formatura de seus componentes não foi força suficiente para levar às suas dissoluções, embora para sua permanência tenham sido necessárias renovações de jogadores.

Mas o símbolo de ambos permanece atrelado à imagem do Csapão e assim parece ser impossível imaginar os torneios sem suas participações, independente da colocação que ambos alcancem. Se os agora nerazzurri (distintos dos atuais tetracampeões italianos da Internazionale em virtude do azul dos csapianos ser cor do céu) chegaram ao Olimpo com o ouro em 2000, primeiro campeão do Csapão, e em 2007, capitaneadas pelos astros Gladimir e RC, e os orange-noir sejam imbatíveis em conquistas (XI de Setembro - Csapão 2002, 2003 e 2005, Copa Csap 2003, Proálcool - Csapão 2004, Copa Csap 2004 e XI com Álcool - Csapão 2006, Clausura 2007), outro objetivo é manter sólida suas identidades. Não fosse assim, três calouros do extinto Black Jack não teriam aceito vestir as sagradas cores abutreanas. Não fosse assim, a última fusão do Csap entre Atecubanos e XI com Álcool não teria sido concretizada.

O exemplo das duas agremiações abre espaço e fortalece os ex-alunos da EG/FJP a continuar presentes e atuantes apesar de tantas outras terem ficado no caminho. Os mais novos veteranos fora da universidade, Galáticos e Bento XVI, dão demonstrações que, ainda que não mantenham o mesmo ritmo de treinamentos e preparações, continuam adversários altamente respeitados e difíceis. A esperança é de que sigam essa trilha, mesmo porque os mais calouros (João XXIII e XXIVas) ainda não provaram que podem manter o nível apresentado nestes nove anos de Csapão, o que pode mudar com o decorrer das participações.

O domingo será de disputas e valerá o iminente fim de trilha de um ou dos dois times na chave A, a depender do resultado do confronto, ou poderá significar a embalada rumo à classificação e a criação de um novo candidato a mais uma conquista. Mas será, antes de tudo, o símbolo máximo de que suas presenças fazem a diferença.

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