domingo, outubro 25, 2009

O amanhã nunca morre

A Estação Quartas-de-Final recebeu passageiros ilustres rumo ao próximo destino, ao qual apenas um deles chegaria no dia 08 de novembro. O Salmão Endiabrado e os Orange-Noir disputavam o único bilhete que levaria ao encontro ou do Tricolor Mouro ou do Esquadrão Papal, mas não só isso. Os dois também buscavam assegurar a manutenção ou a quebra de um tabu que começara a ser construído no início de 2008.

A partida, marcada para as 11 horas, marcou o terceiro encontro entre o XoXota e o AtecubanosTM11. Os dois anteriores haviam sido vencidos pelos calouros do XX Csap por 5 a 4 (Apertura 2008) e 11 a 2 (Apertura 2009).

Para o duelo eliminatório, ambos não contavam com apenas um jogador. O peso-pesado Gustavo Chan Medeiros, pelo lado csapiano, e o arqueiro Felipão, pelo lado dos egressos, não puderam contribuir com suas equipes devido à viagem do primeiro e à suspensão do segundo pelo recebimento de dois amarelos ao final da 1ª fase.

As ausências, no entanto, foram supridas com o comparecimento de nomes que não estiveram presentes em outras rodadas, mas, convocados para o duelo de vida ou morte, não hesitaram em dedicar suas manhãs de domingo pré-feriado do servidor público estadual à partida.

Os orange-noir, com reservas em número suficiente para todas as posições com exceção do goleiro Hugo, se armaram para repetir o esquema tático de marcação meio-quadra dos encontros com o IPM e com os XXiitas. Para isso, além do citado guarda-metas, escalaram o fixo Adriano, os alas Diego Vettori e Leonardo e o pivô Ângelo para começar o prélio. As opções, na casamata, eram o fixo Felipe Rocha, os alas Marcus Professor Eugênio e Carlão, além do pivô Marão.

E assim os veteranos partiram para o duelo de titãs. Os primeiros minutos se caracterizaram pelo encaixe do esquema atecubanense-ónzimo frente à intensa movimentação e troca de bolas XoXoteiras. Comandados pelo habilidoso Steavy, por quem passavam todas as bolas, os calouros tentavam construir suas jogadas a todo instante.

Do outro lado, uma eficaz jogada era utilizada com frequência, os lançamentos das mãos de  Hugo em direção a Ângelo empurravam o time à área adversária e aumentavam as chances da abertura do placar. E o lance não demorou a ser concretizado, com a matada no ar do pivô laranja e negro e a finalização, de primeira, antes de deixar a bola cair no chão. Galvão não teve chances de evitar o 1 a 0 dos bicampeões.

O fim do oxo no placar, como diria o saudoso cronista esportivo Mário Marques, não mudou muito a cara do jogo. Os ataques entre ambos se alternavam e a preocupação das duas esquadras crescia pela ineficácia nas conclusões a gol, o que poderia provocar a ampliação do marcador ou o empate a qualquer momento.

E, depois de muito vai-e-vem, num chute do arqueiro do Salmão Endiabrado que não alcançou a área ónzima, o ala Carlão ultrapassou o meio-campo e finalizou da intermediária para ampliar a vantagem. 2 a 0.

Mas os dois gols de frente não demoraram nem um minuto para desaparecer. Após ataque do XoXota, o AtecubanosTM11 realizou uma saída de bola perigosa e Diego, que depois alegaria ter tido seu pé de apoio deslocado, permitiu o domínio por seu xará adversário e o chute indefensável. A bola passou entre Hugo e a trave direita e trouxe, além do gol, um sobressalto a eles. Entretanto, até o final da primeira etapa não houve muito além disso. 2 a 1.

A tradicional conversa dos intervalos serviria para os veteranos atletas recomporem sua condição física, a melhor das últimas quatro edições do Csapão, e também para reforçar a necessidade da marcação acertada e que reduziu substancialmente os gols sofridos. Nas três partidas em que atuaram no esquema mais aberto, eles sofreram 19 gols, ou seja, média de 6,33 por partida. Nas duas seguintes foram 5 gols, o que quer dizer 2,25 por cotejo.

O retorno para os últimos vinte minutos prometia ser mais intenso do que os iniciais, afinal mata-mata é uma expressão suficiente para todos os envolvidos entenderem que não haveria uma segunda oportunidade. E o XoXota entendeu a mensagem com muito mais celeridade e demonstrou isso ao dar a saída de bola. O ala Diogo recebeu-a e se encaminhou para a lateral direita da quadra. Leonardo foi à sua caça, mas deixou espaço suficiente para o disparo do jovem. O camisa 14 provavelmente não acreditou que aquela finalização poderia provocar estragos, seja por não confiar na precisão do adversário ou por confiar em demasia no seu arqueiro. Seja por qualquer dos motivos, o empate aconteceu com a número cinco tomando lugar exatamente onde a coruja dorme. O chute no ângulo direito do gol atecubanense-ónzimo mostrou que, mais do que nunca, não havia nem sombra de definição no placar.

As trocas no AtecubanosTM11 eram promovidas continuamente a fim de impossibilitar o cansaço de quem quer que fosse e trazer à quadra quem estivesse com mais fôlego para atacar impetuosamente e defender da mesma maneira. O futebol apresentado pela formação, junta há três anos e meio, parecia estar na rota ascendente, com a demonstração da capacidade de recomposição e contra-ataque desde muitas edições não apresentada.

A comprovação da evolução veio mais uma vez com outro chute da intermediária, agora dos pés de Diego Vettori, o maestro da equipe desde as ausências do Professor ou em suas presenças mais escassas. Lançando mão de uma arma vista ainda na 1ª fase do Clausura 2009, o ala desempatou a partida e marcou o 3 a 2.

Com menos de dez minutos para o fim do certame, cabia aos orange-noir sustentar a posse da bola e partir para a definição do marcador. Mas o ditado que diz que a principal força de um homem traz consigo sua principal fraqueza fez-se sentir no AtecubanosTM11. Como ressaltado, as melhores atuações da equipe aconteceram ao implantar o sistema de marcação meia-quadra e o débâcle somente poderia vir com o seu abandono.

Em cobrança de falta, com três jogadores com características altamente ofensivas em quadra, Carlão, Leonardo e Ângelo, o escrete não soube posicioná-los adequadamente e o pior lhes aconteceu. No lance, Carlão estava junto ao seu marcado, mas Leonardo e Ângelo não se entenderam. Embora naquele momento o TGV fosse o pivô, ele estava mais recuado para realizar a marcação. Quando viu Diogo desmarcado apontou para Leonardo marcá-lo, pois não daria tempo de chegar no adversário. Leonardo, como estava marcando outro atleta também não poderia abandoná-lo, e aguardou a chegada de Ângelo. Com essa indecisão, o representante do Salmão Endiabrado teve tempo de receber a bola atravessada em seu campo de ataque e chutar para marcar o gol de empate. 3 a 3.

A situação fazia os orange-noir se recordarem da partida de uma semana antes, quando conseguiram fazer o quinto e decisivo tento que lhes garantiu a vitória sobre o Tricolor Mouro. A esperança em uma arremetida semelhante estava presente em todos os corações da Falange Neranciera, representada pela esposa de Ângelo e pelo afilhado do TGV, Luigi, além do procurador do Professor, seu irmão Hugo Gonçalves, de Guilherme Boina Orair e da Senhora De Abreu, companheiro do arqueiro ónzimo.

Mas a falha de marcação voltou a se repetir e o XoXota começou a trabalhar os ataques com Diogo fazendo a função de pivô. Em uma jogada escorada por ele, um companheiro chegou da intermediária e pegou um chute super mascado. Mas a bola seguiu seu itinerário nessa toada e matou o arqueiro atecubanense-ónzimo. Virada caloura. 4 a 3, faltando 2 minutos.

E esses minutos somente permitiram mais uma ataque efetivo dos orange-noir que não resultou em gol e anunciaram a terceira queda da equipe em quartas-de-final nas últimas quatro participações.

Os mesmos dois minutos que nunca foram transcorridos, dada a inépcia e estapafurdice do árbitro que não cumpriu com seu dever de cronometrar adequadamente a partida. O mesmo a quem o Blog do XI com Álcool se reserva o direito de obrigar a consulta a um dicionário para descobrir o significado dos dois termos mencionados na frase acima, em virtude da sapiência sobre as limitações cognitivas do referido apitador.

Questionado pelo capitão atecubanense-ónzimo sobre a antecipação do fim do jogo em, pelo menos, dois minutos, mais outros tantos em razão da parada para recuperar uma bola que havia ficado presa em um dos ferros de sustentação do alambrado, o personagem em questão demonstrou todo seu equilíbrio emocional ao insultar o representante do time derrotado. Com a réplica de Persa, o árbitro o ameaçou e o chamou para a disputa corporal.

A contenda se encaminhava para as vias de fato quando a 'autoridade' saiu de quadra e, na iminência de se ver derrocada pelo oponente que acabara de fazer, passou a mão em uma garrafa de cerveja e insinuou sua utilização para desferir um golpe no atleta. Nesse ínterim, o Boina percebeu que o recipiente estava cheio do líquido de celebração e tomou-lhe da mão do futuro agressor. Simultaneamente, o capitão era contido por seus companheiros para impedir que seu acesso de fúria levasse à eliminação do ameçador homem do outro lado do alambrado.

Isso significou o fim da partida e a mensagem para a organização do campeonato acerca da necessidade de mesários com cronômetro para os jogos seguintes. Da mesma forma, o fim do prélio significou a descida do AtecubanosTM11 em uma parada intermediária e a necessidade de retomar o trem da história no próximo semestre. Afinal, o Agente 007, James Bond, vivido pelo irlandês Pierce Brendan Brosnan atesta que o 'Amanhã nunca morre'.

AtecubanosTM11: Hugo, Adriano, Diego Vettori, Leonardo e Ângelo. Entraram: Felipe Rocha, Marcus Professor Eugênio, Carlão e Marão.
Gols: Ângelo, Carlão e Diego Vettori.

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